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André Martinho

Escritas sobre a busca por sabedoria, rumo a um ser humano melhor.

André Martinho

Escritas sobre a busca por sabedoria, rumo a um ser humano melhor.

Ser um agente da mudança

Este artigo é uma observação a uma circunstância causada pelo status quo da sociedade em que vivemos

agente da mudança

Na próxima sexta-feira dia 7 de Julho, será o meu último dia de trabalho como vigilante. Eu despedi-me, pois preciso de uma mudança. Uma mudança de emprego, de horários, de condições enfim, uma mudança de vida. Sei que vivemos tempos complicados, mas é necessário sair da zona de conforto

Zonas de conforto

Uma zona de conforto é uma situação em que uma pessoa habitua-se a uma certa condição ou forma de estar, isto por se sentir de alguma forma confortável e segura, independentemente de qual seja a sua situação.

Não é descabido afirmar que existem pessoas na condição de sem abrigo que encontraram na rua a sua zona de conforto, pois basicamente as zonas de conforto estão relacionadas com o hábito e não com o "conforto" em si. E o hábito está intimamente ligado à rotina.

No entanto, no meu caso não se trata tanto de rotina, isto devido ao meu horário baseado em turnos rotativos. Mas antes pelo facto de me sentir de certa forma seguro pela condição de estar efectivo.

E eu estou genuinamente grato a este emprego, e por tudo o que ele me proporcionou, mas há que ter a noção de que para termos mais segurança abdicamos de parte da nossa liberdade.

Segurança ou liberdade?

Eu tomei a decisão de me despedir por vários motivos, e um deles é sem duvida a falta de liberdade.

Devido ao meu horário com folgas e turnos rotativos, são poucos os finais de semana que passo em casa, e não durmo em casa entre duas a três noites por semana. É certo que recebo o acréscimo das horas nocturnas, mas não há dinheiro que pague o prazer de dormir ao lado da minha mulher, e saber que ela e os meus filhos estão mais protegidos por eu estar em casa, sendo irónico que esta situação não trás nem liberdade não segurança.

É uma vida condicionada pelo emprego, e logo nos encontramos numa situação em que parece que vivemos para trabalhar, e não o contrário.

A mudança

Quem está mal muda-se e foi o que fiz, apresentei a carta de demissão pois não podemos esperar que as coisas mudem, mas sim sermos nós a mudança que queremos ver.

Trabalharei por conta própria e com o meu próprio horário. Não será fácil e terá o seu risco, pois desta vez abdicarei da segurança em troca da liberdade.

Liberdade para:

  • ter uma verdadeira e saudável rotina;
  • fazer exercício físico, com um plano de treino e uma rotina com a qual me posso comprometer;
  • dormir todos os dias em casa com a minha família e longe dos turnos que tão mal fazem à saúde;
  • passar todos os fins de semana com a minha família;
  • tirar férias quando entender, etc.

Ter uma rotina é crucial. Isto dar-me-á condições que me ajudarão na mais importante mudança, pois eu sou uma pessoa que precisa de rotina, e será essa rotina aliada à força de vontade que me facilitará esta jornada rumo a um homem melhor.

Brevemente informarei qual será o meu próximo emprego, mas posso adiantar que será algo totalmente diferente de tudo em que trabalhei anteriormente. Desde o facto de ser um emprego por conta própria, movido por objectivos (definidos por mim) e com o meu próprio horário ou seja, liberdade.

Quero voltar a dizer que estou extremamente grato à empresa de segurança para a qual trabalhei durante quase seis anos, nos quais sempre me pagou o salário a tempo e horas com o qual pude sustentar a minha família, e onde conheci excelentes colegas com os quais pude contar sempre que precisei.

Termino esclarecendo que este artigo não é de forma alguma uma crítica ao trabalho por conta de outrem, porque todo o trabalho sendo honesto é digno. Este artigo é antes uma observação a uma circunstância causada pelo status quo da sociedade em que vivemos e da qual me tento proteger.