A ignorância é uma benção
Não se trata de optar por ser ignorante, mas sim de priorizar o que realmente importa.
Escrevo este artigo sem nenhum esboço, estratégia ou propósito. Quero dizer... propósito há sempre, o de partilhar este pensamento com os leitores, caso contrário esta ideia ficaria na minha cabeça ou no máximo, estaria num diário.
Não me considero uma pessoa ignorante. Há quem me considere muito inteligente (pessoas próximas que gostam de mim), mas nunca ninguém me considerou ignorante, quero dizer... Lembro-me de uma ocasião em que isso aconteceu, estava de serviço na estação de Algés, e um militante do Partido Comunista Português que estava a distribuir flyers de promoção da festa do Avante, iniciou conversa comigo após eu ter rejeitado o flyer. Ele "estava com vontade" e eu não fui inteligente o suficiente para evitar a discussão à qual também me entreguei. Devido a isto provavelmente sou ignorante, ou pelo menos estarei no meio das duas opções.
Mas tudo isto é irrelevante, porque todas as pessoas têm algo de valor, e o que cada um entende por inteligente é relativo e logo, vale o que vale, pois grandes funcionários são perfeitos zeros nas relações familiares, e os ditos bem sucedidos no supérfluo, são mal sucedidos no que realmente importa, mas esse problema existe em todas as "estirpes" de pessoas.
Neste caso como o título indica, a ignorância é uma benção, e é uma benção porquê? Porque o que se entende de ser muito inteligente, choca com a realidade ao vermos que uma pessoa dita ignorante, escapa muito mais facilmente de certas angústias, porque ela preocupa-se com o que realmente importa, revelando algo que é mais valioso que inteligência, a sabedoria.
Entre teorias da conspiração, versões oficiais, opiniões, previsões e profecias sobre tudo e sobre nada, lado a lado com as teologias escatológicas que relacionam certos acontecimentos da actualidade com o livro de Apocalipse, tudo isto leva-me a crer que a ignorância é uma benção.
E isto toca-me a mim, porque se sou inteligente então certamente falta-me sabedoria, porque digo que aceito Jesus Cristo como meu Mestre e Salvador, mas depois não sigo o que Ele ensina:
buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. in Evangelho de Mateus
Sei perfeitamente que esta passagem refere-se literalmente ao sustento, alimentação e agasalho.
Mas de acordo com o Cristianismo Místico Rosacruz que é profundo, a Bíblia é um livro aberto e fechado, quer isto dizer que em cada passagem ou citação, ela guarda em si sete níveis de verdade de acordo com o nível de consciência daquele que a estuda. O que é bastante diferente de "a minha verdade e a tua verdade", a chamada verdade relativa, que é das ideias mais ridículas que se defendem hoje em dia, porque o cavalo branco do Napoleão não é de mais nenhuma cor...
A verdade é só uma, qualquer diferença ao contar essa verdade, certamente que terá mais a ver com o que o Apóstolo Paulo ensinou na forma da metáfora de dar leite aos meninos e alimento sólido aos adultos (1° Coríntios 3:1-3 e Hebreus 5:11-14), referindo-se ao que Cristo ensinou.
É importante ser inteligente, mas se a inteligência não dá frutos e ao invés disso traz-nos tristeza, então falta-nos sabedoria, portanto não se trata de optar por ser ignorante, mas sim de priorizar o que realmente importa.